10 anos depois…
Eu não fazia ideia do que ia encontrar, não fazia ideia de como ia ser, se tudo ia dar certo, mas a ansiedade me invadia como uma tempestade em direção ao deserto.
Só queria chegar logo, mas o tempo parecia não querer colaborar.
Minutos valiam por horas
Horas que passei em 3 ônibus diferentes, preocupada com todos os imprevistos que poderiam acontecer, e aconteceram.
Todos os imagináveis e imaginados, em 12h de viagem, tudo aconteceu.
Pensei que não ia chegar mais, achei que ia dar tudo errado.
Mas cheguei
Cheguei na ansiedade de ir para o Centro Histórico da cidade
Cheguei na ansiedade de reviver algumas memórias
Cheguei na ansiedade de colocar novas lembranças na mala
Cheguei
E respirei
Alguém me belisca? Não sei se estou sonhando
Vi um novo mundo que acabava de saltar aos meus olhos, enxerguei a cidade colorida, ocupada, onde tinha espaço pra todos.
Espaço pra música francesa, mas ali do lado tinha um chorinho bem brasileiro, andando mais umas ruas, índios cantando e mais ali ó, no cantinho alguém com a mais pura poesia.
Vi as estátuas vivas com seus figurinos esplêndidos e sua movimentação calculada.
Andei, andei e ouvi histórias
Encontrei toda felicidade do mundo numa bonequinha chamada Abayomi, feitas de nós, restos de tecido, sem face, que representava a luta dos escravos.
Em um momento encontrei a saudade, daquele museu majestoso, que contava a nossa história, destruído pelas chamas. O Museu da Língua Portuguesa, estava ali e dava sinais que estava mais vivo do que nunca.
Vi um debate incansável sobre a igualdade
E a felicidade de quem encontrou os livros
Na verdade, a cidade tinha cheiro de livro, tinha cheiro de histórias que estavam sendo construídas através de cada passo que era dado naquelas ruas tão difíceis de caminhar.
Também tive a minha dose diária de poesia, como um biscoito chinês, mas ela não falava a minha sorte, mas sim, descrevia o meu eu mais profundo.
“Existem manhãs em que abrimos a janela, e temos a impressão de que o dia está nos esperando” – Charles Baudelaire
“Talvez o que você sinta que está faltando seja o que deveria estar lá para te amparar e não está. – Charles Bukowski
Vi também o tempo passar
Só que agora depressa, as horas pareciam minutos e assim se aproximou o fim
O fim de uma viagem incrível
Que me deixou marcada de lembranças engraçadas, lindas, envolventes…
Assim que deixei a cidade para trás me veio um sentimento de saudade, mas também da esperança de que um dia voltarei a Paraty.
E também um sentimento de gratidão porque apesar dos imprevistos, apesar de as vezes achar que era impossível, eu estive ali novamente depois de 10 anos e tinha sido INESQUECÍVEL!
>>5 motivos para ir a Festa Literária Internacional de Paraty
As vezes faltam palavras pra descrever tudo que vi e que senti, mas espero que esse texto traga um pouco das minhas experiências na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty.
Até breve.
Beijocas <3
#UmMundoDeHistórias